quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Jandira Zanchi





Jandira Zanchi 



Renascimentos




Tenho, em mim, uma roseira de frutos doces e amaciados
de manhãs inertes – celebrados sem artifícios ou colorações –
poderiam ser encontrados em dias de pouca luz
daqueles esquecidos nos poentes de mármores vazios
quase ao desalento, ricos de madeixas escuras e perfumes de cristal,
tão idôneos em sua ligeireza que entre eles se descobre a água
como um metal de cheiro e calor em seu leito de alvorada.



Foram renascimentos e escutas de uma eternidade vazia
quase opaca na retidão de suas fronteiras, muita saída a sal
e nuvens, circunspecta no eixo maciço da navegação em terra
fria – mesuras e ciência do cotidiano – pássaros e sombras,
fusos e rocas de sabedoria
quase vergando
da alma
a sombra de sua pedra angular – finitude.



Foram nesses estremecimentos de ventos e voltas que estendi
cem contas de fadas e fóruns em uns discursos de meio tempo
regados ao líquido e à nata por ali estremecidos dos corredores
estrelas e parcimônia das vantagens do esplendor da vida



a luta da subsistência estiagem verde e marinha
em beijos salinas versos que se criam monásticos elásticos
prenhes do desejo branco da liberdade
quando ainda não havia o tempo, o fio e o medo
só essa valente sina de semáforos e luzes
aspirando o anjo em seu pouso branco
outono dedilha sua ventura na laje e no apego.




É poeta e ficcionista, autora de Gume de Gueixa (Editora Patuá, 2013), “Balão de Ensaio” (Protexto, 2007), e do livro virtual “A Janela dos Ventos” (Emooby, 2012). Tem lançamento para breve do livro de poesias “Área de Corte” pela Editora Patuá. Integra o conselho editorial de “mallarmargens” revista de poesia e arte contemporânea.



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